Feriado, dia lindo de sol. E, no entanto, não pude ir à praia, pois continuo com o pé imobilizado, devido a um acidente neste Recife de ruas e calçadas “assassinas”. Relatei meu drama aqui no #OxeRecife, não no interesse pessoal, mas sim de mostrar a vulnerabilidade com que a população se locomove em vias públicas esburacadas e com desníveis, e que ostentam uma armadilha a cada esquina. Descobri que não estou só. Das cerca de 40 mensagens recebidas, apenas uma elogiava as calçadas do Recife, fazendo referência àquelas da Boa Vista que passam por reforma e sobre as quais o Blog não economizou elogios, no dia 18 de março (veja link abaixo). Mas a julgar por casos relatados por leitores, tanto bairros sofisticados quanto populares encontram-se com problemas semelhantes, quando o assunto é a insegurança na mobilidade.
Conheço várias pessoas que já necessitaram de cirurgias delicadas – com colocação de pinos – por conta de quedas, provocadas por essa situação absurda. E, pior. Teve gente que acionou os órgãos públicos e ainda perdeu a ação, o que jamais ocorreria em um país onde a cidadania é respeitada. “Hoje mesmo levei um tombo. Quase quebro meu antebraço, nas calçadas horríveis do Vasco da Gama”, afirma Alice Nascimento, referindo-se ao populoso bairro da Zona Norte. “Já torci o pé três vezes nas calçadas do Recife”, computa a leitora Adiles Bezerra Xavier. “E em uma delas estava grávida de oito meses”, acrescenta. Relata a gravidade da situação: “Estava indo ao bairro do Espinheiro fazer um exame, mas com a calçada quebrada e irregular, acabei caindo e tive que ir ao hospital”. Para Cristina Azevedo, “cada vez pioram mais”.
“Está fazendo um mês que levei um tombo na calçada da Rua do Hospício, em um desnível da mesma e até hoje faço fisioterapia”, completa Terezinha de Jesus.
Outro leitor, Paulo Xavier, ironiza: “Já perdi as contas de quantas vezes virei meu pé direito nessas calçadas de excelente qualidade”. E confessa: “Sinto minhas pisadas diferentes. Não tenho apoio seguro de ter passado tanto por isso, até em buracos em paradas de ônibus em Casa Amarela”. Para Zacarias Silva, “não tem uma que preste”. “Estou aqui de molho por seis semanas, justamente por meu pé ter entrado dentro de um bueiro nestas ruas do Recife. Me sinto triste, imobilizada e frágil”, desabafa Maria Santos.
Val Tavares reclama que na “na periferia nem calçadas tem”. E acrescenta: “Cadeirantes, idosos e crianças disputam as ruas e avenidas com os veículos”. A gente sabe que cabe à Prefeitura a manutenção de calçadas de prédios públicos, praças, parques, jardins e também daquelas localizadas em praias, lagoas, rios, canais e que as de imóveis privados devem ser cuidados pelos proprietários. . “Calçada é via pública, mas deve ser mantida pelo dono do imóvel”, afirma Roberto Alencar, o que é verdade. “Mas cabe à Prefeitura fiscalizar”, lembra Carmem Lúcia Freire, o que também é uma verdade.
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Texto e foto: Letícia Lins / #OxeRecife