Andando com atitude. Mais uma vez, o #OxeRecife está de olho nos bons exemplos. Agora é o Grupo Caminhadas Culturais, que costuma fazer percursos a pé pelas ruas do Recife ou Olinda, com detalhes minuciosos a respeito da nossa arquitetura e também da nossa história. As descrições são inclusive repassadas com fotos e texto gravado, para o WhatsApp de todos os integrantes da “família” de andarilhos. Eles acabam de criar o S.O.S – Defesa do Patrimônio Histórico de Pernambuco, para lutar pela manutenção dos nossos monumentos. E o primeiro alvo do grupo é o Forte do Picão.
“O Caminhadas Culturais ao fazer seus eventos, notou que muitos monumentos históricos estão entregues ao abandono, com risco de desaparecimento completo”, afirma Stenberg Lima, coordenador do grupo e que sempre serve como guia, nas andanças do pessoal que gosta de explorar a rica história do Recife. Ela relata que monumentos em situação muito precária foram listados. Entre eles estão: a casa em que morou Clarice Lispector (na Praça Maciel Pinheiro), a que nasceu Joaquim Nabuco (na Rua da Imperatriz).
No Bairro do Recife, encontram-se a Cruz do Patrão e ruínas do Forte de Santo Antônio do Buraco e o Forte de São Francisco, mais conhecido como Forte do Picão. Este, “pela sua história, virou o ponto de partido de nossa luta”, afirma Stenberg, que é engenheiro e advogado. As ruínas do Forte do Picão ficam perto do Farol da Barra, nos arrecifes perto do porto da capital. Há alguns dias, o Grupo iniciou um trabalho de limpeza na área, de onde foi retirado muito lixo. O Forte foi construído no início do século 17. “Encontra-se em ruínas e seus canhões estão fincados no molhe, servindo de amarração de barcos, em total descaso” (foto ao lado), lembra. Para o #OxeRecife, a situação apenas demonstra o descaso com a memória do Recife.
Stenberg ressalta que o forte, um dos primeiros construídos pelos portugueses e um dos mais antigos do Brasil, é tão importante que está presente no brasão não só do Recife, mas também de Pernambuco. “Muitos o chamam de Forte do Picão porque suas pedras “picavam ao cascos de embarcações”. O grupo pretende atuar junto às autoridades para, pelo menos, colocar o que sobrou das ruínas em uma vitrine de vidro (como a que existe na Rua do Bom Jesus) e resgatar os seus seis canhões, alguns dos quais chegaram a ser invertidos, para servir de ponto de amarração para barcos. A turma quer, ainda, instalar uma placa no dique e outra no Marco Zero, com QR Code, contando a rica história do Forte do Picão. Entre os criadores do S.O.S – além do próprio Stenberg – estão Denaldo Coelho, Suzana Abreu, Clécio Bunzen, Josinaldo Oliveira, Raimundo Santiago, Suzana Abreu, Emanuel Lima, Neide Almeida e Luiz Almeida. O último, infelizmente, faleceu na última quinta-feira, depois de colaborar de diversas formas com o grupo, no resgate de imagens de monumentos do Recife. Ele inclusive participou da ação de limpeza ali realizada durante a manhã do dia 30 de março (na foto de boné escuro, e segurando um saco de lixo preto e um azul). O amigo Luiz vai fazer falta nas nossas caminhadas.
Leia também:
Caminhadas com atitude. Que tal?
Caminhada, aventura e atitude
Caminhadas com áudio via WhatsApp
Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Emanuel Lima & S.O.S Defesa do Patrimônio Histórico de Pernambuco/ Cortesia