Considerada a mais antiga do Recife, a Rua do Bom Jesus sempre desperta o interesse de caminhantes e turistas. Em nossas andanças com grupos como os MeninXs na Rua, o Olha! Recife, Andarapé ou Caminhadas Domingueiras, ela sempre está no roteiro, quando o assunto é o Bairro do Recife. Em uma desses passeios, me chamou a atenção esse gracioso sobrado, o que me levou a postar uma fotografia no Instagram do #OxeRecife.
Mas logo chegaram comentários: a origem, o estilo, as grades de ferro, o material utilizado em sua construção. Uma das pessoas que fizeram questão de falar do prédio foi o turismólogo e historiador Bráulio Moura. “O edifício da imagem é um dos mais antigos da rua, esteticamente falando”, diz. Ele lembra que a casa de Duarte Saraiva (que teria sido o primeiro morador da rua, em 1633), ainda subsiste, mas que “sofreu acréscimos, ganhando um andar a mais e platibandas”.
Bráulio lembra que, do ponto de vista estético, é o que mais se assemelha às construções originais. o sobrado da foto é da primeira metade do século 19, mas que foi erguido “ao gosto do setecentismo, com beiral triplo de telha, moda que permaneceu ao longo do século 18 e início do 19”. Na época, acrescenta, as casas ainda tinham cercaduras – molduras de portas e janelas – em cantaria, com pedras calcáreas ou areníticas expostas (muitos sobrados tiveram esses detalhes recobertos, posteriormente com massa lisa). Bráulio lembra, ainda, que no passado, a madeira era mais comum nas varandas e que com a chegada de empresas estrangeiras para implantar trilhos de bonde e trens, o material começou a ser mais difundido e “as pessoas começaram a trocar a madeira pelo ferro”.
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Texto e foto: Letícia Lins / #OxeRecife